Pra ser sincera, eu realmente fui inocente a ponto de achar que a gente ia conseguir postar enquanto estivesse na viagem. Óbvio que não deu, né? Os poucos momentos que tínhamos para descansar, a gente literalmente se jogava na cama e não acordava até o dia seguinte. Isso aconteceu de verdade, e mais de uma vez, num nível de cansaço tão grande que até o jantar a gente chegou a pular! Shrek e Fiona ficariam desapontados.
Meu primeiro post foi um resumão mas acho que a passagem por Lima foi tão relâmpago que refletiu a euforia! Ainda estávamos verdes e cheios de energia, e só sucumbimos ao cansaço de um dia de viagem, que é um saco. Mas uma vez chegando em Cusco e nos acomodando propriamente dito no hostel, começamos a pegar o jeito.
Depois de pesquisar bastante antes de ir, optamos pela agência RESPONSible Travel Peru – peruana, com uma proposta de turismo sustentável e de colaboração com comunidades locais para oferecer o melhor e mais autêntico Peru aos viajantes. No site deles, você preenche um formulário de preferências e de perspectivas para a sua viagem e roteiro, e eles já te mandam um itinerário para ser adaptado como você quiser. Desde a pré-venda, foram super atenciosos comigo (acho que troquei uns 35 e-mails com a Johanna, do time de Vendas, modificando, aumentando e diminuindo nosso itinerário até ele ficar perfeito), criaram um grupo no WhatsApp para nos comunicarmos lá, tiraram todas as nossas dúvidas antes e durante a viagem, e todos os bilhetes/ingressos/passagens que compramos com eles funcionaram perfeitamente nos passeios.
No mesmo dia em que chegamos em Cusco, uma representante da agência foi até o hostel Pariwana pontualmente no horário que combinamos, sentou conosco e explicou tudo o que tínhamos contratado na cidade – City Tour, Valle Sagrado, Machu Picchu e as passagens de ônibus pra Arequipa – e nos entregou uma pastinha com os vouchers organizados. E ela ainda foi conosco até uma casa de câmbio e depois até o local onde se compra o famoso Boleto Turístico (tipo o City Pass de Nova York, para diversas atrações turísticas de Cusco, indispensável para passear lá – muitos locais não tem bilheteria, só aceitam o Boleto Turístico, e vão marcando os que você visita). Achei simpaticíssimo fazerem isso, sem que nós precisássemos ir até a agência deles logo no primeiro dia, em que não conhecíamos nada e ainda estávamos nos adaptando à altitude!
No dia seguinte ao da nossa chegada em Cusco, tínhamos um City Tour programado com eles. Optamos pela versão em grupo mais pelo valor, então ainda estávamos um pouquinho incertos de como seria, mas não tivemos nenhum problema com a “excursão”! Ah, o guia é absolutamente necessário no Peru, pela imensa carga histórica do lugar – a não ser que você seja nerdão tipo o Nicolas Cage em A Lenda do Tesouro Perdido ou goste de andar carregando um livro de História.
Restaurante/bar do hostel, onde tomávamos café da manhã
O City Tour saía à tarde, então de manhã passeamos pelos arredores do hostel e encontramos umas feirinhas incríveis de artesanato. Eu aprendi que sou ótima em pechinchar – e só fui melhorando ao longo do tempo modéstia à parte – e finalmente compramos os suéteres de lã de alpaca mais quentinhos do mundo, os famosos gorrinhos de orelhinha, e ficamos um pouco loucos enchendo o braço de pulseirinhas do Peru. Não me arrependo de nada, e acho que o Thi também não, né amor? hehe
Iniciamos o passeio pela Catedral de Cusco, que fica na Plaza de Armas. Esta entrada é cobrada à parte, e custa S/.25 (o câmbio entre novos soles e reais era praticamente 1-1). Lá, recebemos um fone de ouvido cada (bem como os outros membros do grupo – ?!) e nos sentamos nos bancos. Havia bazilhões de outras excursões ali naquela hora e aí entendemos que, se cada guia fosse contar a história do lugar ao mesmo tempo, ia parecer um mercado de ações ali dentro. E acho que catedrais não foram feitas exatamente pra se berrar dentro delas e tal.
Gente, que lugar lindo. Eu não sou a maior fã de turismo religioso, então acho que precisamos escolher nossas batalhas com sabedoria quando se trata de visitar igrejas nas viagens. E acreditem em mim – visitar a Catedral de Cusco (ou Catedral Basílica de la Virgen de la Asunción – bem nome latino, enorme) está na mesma lista de visitar lugares como a Abadia de Westminster, a Catedral de Notre-Dame, a Basílica de Sacré Coeur, a Sagrada Família, etc… Foi demais ver a representação e influência da cultura inca nas pinturas, a riqueza do ouro e da prata (que nada têm de ostentação – tudo para homenagear o sol e a lua). Cês tem noção que eles representavam a Santa Ceia com um cuy como prato principal? (Cuy é o porquinho da índia… mas não vamos falar dele ainda…)
Depois fomos à pé até Qorikancha – o Templo do Sol, a mais importante obra arquitetônica inca dentro de Cusco. (Aliás, que ideiazinha boa essa do fone de ouvido; íamos em fila indiana pelas ruazinhas estreitas da cidade, o guia na frente, e ele ia contando ainda mais História no caminho sem precisar ficar virando pra trás.) A entrada também é separada e custa S/.15. Lá tivemos a primeira de muitas aulas sobre a genialidade da arquitetura dos incas, com suas paredes inclinadas pra dentro, seus portais trapezoidais, suas janelas viradas pro Sol, suas cavidades “absorventes” de energia sísmica… lá em Qorikancha também existem outros templos além do dedicado ao Sol: à Lua, à Terra (chamam de Pachamama, uma deusa como se fosse a nossa “mãe-natureza”).
Qorikancha
Só aí pegamos o ônibus para subir mais um pouquinho aos sítios arqueológicos que ficam nos arredores de Cusco. O primeiro era Sacsayhuaman – a pronúncia não pode ser confundida com “sexy woman”, em hipótese nenhuma, segundo nosso guia, mas depois desse comentário, era só isso que eu conseguia ouvir toda vez que ele falava o nome do lugar. Usamos o Boleto Turístico pra entrar. Cara, é um lugar enooooooooourme, cheio de muros com aquelas pedras encaixadinhas – PELO AMOR DE DEUS MERLIN ASLAN DUMBLEDORE, COMO ELES FAZIAM ISSO? PARECE TETRIS – e um campo aberto enorme, a perder de vista.
Sacsayhuaman
Depois disso continuamos subindo – e a altitude aumentando, e aí entraram os caramelinhos de coca que eram muito gostosos – na mesma proporção que a temperatura continuou caindo. Quando chegamos em Tambomachay, lugar dedicado ao culto à água, já estava escurecendo, mas ainda deu pra ver a engenhosidade dos aquedutos e dos canais usados pra irrigar as terras a partir daquela nascente. Ali também fizemos uma loucurinha e compramos um milho de rua das tias peruanas que ficavam na porta. ZERO ARREPENDIMENTOS. Era um milho gigante e estava muito gostoso. (Obs: fiz um snap nesse sítio e legendei como sendo Qenqo, mas culpo o frio e o itinerário, e não a falta de atenção às placas.)
Infelizmente, quando de fato chegamos a Qenqo, já estava ficando bem mais escuro. Uma pena, porque lá existem alguns túneis e passagens onde ficamos à mercê da lanterninha do celular do guia enquanto ele explicava que aquela pedra totalmente lisa estava posicionada exatamente ali porque os incas sabiam que o vento entrava por um lado e a deixava super gelada, perfeita para o processo de embalsamento e conservação de corpos (!!!!!!!!!!!!! oi). Ah, e tinha uma fenda no cantinho onde eles jogavam os sacrifícios que quase não era perigoso de cair no escuro, mas ok. Estamos vivos.
Na volta, eles ainda pararam em uma fábrica local de confecções em pele de alpaca e, por mais que eu quisesse unir o útil – ajudar a comunidade que vive disso – ao agradável – É TÃO FOFINHO QUE EU QUERO MORRER -, o prático não ajudou – meu, é tudo caríssimo. Eu só consegui comprar um pingente de árvore de natal de lã que foi S/.5. (O que nos fez questionar seriamente se nossos suéteres pechinchados de manhã eram lã de alpaca mesmo…)
No geral, valeu muito a pena ter contratado o City Tour. Em Lima optamos por passear sozinhos no nosso único dia, já que era uma cidade mais urbana, mas em Cusco eu recomendo sim ter alguém pra te contar o background de cada coisa que você visita, tornando assim tudo muito mais interessante. O fato de estarmos em grupo não atrapalhou em nada, e nisso sei que é um pouco de sorte de não ter nenhum pentelho na excursão junto. Se eu pudesse mudar alguma coisa, diminuiria o tempo dos passeios internos (apesar de ter tanta coisa pra ver) pra aproveitar melhor a iluminação natural do dia nos externos, que são lindos!
Snaps da viagem:
👻lulymiranda
Para ver mais posts da nossa viagem #PiscoyCeviche ao Peru:
PISCO Y CEVICHE: CHEGAMOS!
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